10 de ago. de 2009

O Homem

Drawing hands - Escher

A essa altura da evolução da humanidade, em que máquinas complicadas são utilizadas para as necessidades mais simples, onde não é preciso estômago para fazer a digestão, os homens são criados em laboratórios.

O pai uma macromolécula, a mãe um tubo de ensaio. Sem amor, ternura ou desejo sexual criam-se um produto e em nove minutos, rompendo com o mito da criação, podem-se escolher os melhores modelos: olhos azuis, cabelos claros, corpo bem desenhado, advogado, etc. Medido e aprovado. Sem, no entanto, a humanidade atingir um nível razoável de cultura e os homens ainda se matando como percevejos.

Chateados com a Terra eles criam foguetes e cápsulas para chegarem à Lua. Descem cautelosos na Lua, pisam na Lua, experimentam a Lua, colonizam a Lua, civilizam a Lua, humanizam a Lua. Agora tão igual à Terra, eles ordenam a suas máquinas: vamos a Marte. Os homens chegam em Marte e pisam, experimentam, colonizam, civilizam, humanizam Marte. Eles pensam: marte humanizado, mas que lugar quadrado. Ordenam de novo: vamos para Vênus. Fazem do espaço todo a Terra, até não restar nenhum sistema fora do solar a ser humanizado, acabam-se todos.
Contudo, estará o homem equipado para decifrar e viajar a si mesmo? E, entre posturas mais urgentes, sentar-se num banco, colocar o pé no chão, dobrar a espinha e experimentar, colonizar, civilizar, humanizar o homem, e descobrir nesse mundo mudo e estranho a arte de conviver?


Texto baseado nos seguintes poemas de Carlos Drummond: Os Homens, as Viagens; O Sobrevivente e O Novo Homen.

3 comentários:

  1. Que bom Bruno! Vejo que aqui surgirá grandes temas e abordados de maneira humanizada. É o que precisamos.

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  2. pq sempre que passo aqui tenho que ler isso?

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  3. E Eu li denovo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    E li muito mais!
    Caracas Bruno...ler por aqui me emociona.

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