22 de jan. de 2011

No Rules

Criança Morta por Portinari


As Leis da Física se responsabilizam em entender a natureza e seus fenômenos. Seja matéria ou energia, suas relações e conseqüências. Uma Lei Física precisa ter sua validade garantida. Pra isto usa-se o Método Científico, construção humana, com suas regras e seus motivos, que é capaz de refutar, integrar ou apoiar um determinada teoria, uma lei. Eis, então, que surge engolfado na fragilidade e na violência dos dias o grande escuro humano, posto que não há geometria que descreva tanta miséria e nem este espaço-tempo que hoje amanhece em azul-rosa claro.

8 de jan. de 2011

Dois dias

No primeiro dia discutiram sobre Einstein, física quântica e sobre a diferença entre chamar a alma de Alma ou de assumi-la apenas como pequenos impulsos elétricos que mantêm as pessoas vivas. Concluíram que o mundo era apenas uma grande explosão de matéria - assim como tinham concluído outras pessoas muito mais inteligentes que eles, também muitos anos antes. Perceberam então que não tinham chegado a conclusão nenhuma e que qualquer tipo de divagação acerca do sentido da vida ou seria inutilmente cansativa ou penderia para um lado místico-religioso em que não acreditavam completamente.

No segundo dia (um dia muito mais Romântico) começaram a divagar sobre como o mundo era um lugar incrível de se estar e como essa experiência que chamavam de Vida podia ser unitariamente valiosa. E como os seres humanos foram geniais ao aproveitarem um desses intervalos entre explosão e contração de matéria para inventar aquilo que chamariam de Humanidade. Sobre como as pessoas podiam se tornar experiências inacreditáveis de descoberta e relacionamentos, e de como a mente humana era capaz de se sustentar e se desenvolver a ponto de produzir o que chamariam mais tarde de Sentimento. Estavam apaixonados pela vida. E felizes por poderem fazer parte dela.

Olharam para o lado e viram a lista de e-mails não lidos e de afazeres não resolvidos de um dia corrido de trabalho. A conclusão à que chegaram, então, é que tudo ali era tão relativo e tão ridiculamente banal que poderia ser facilmente substituído - por outros afazeres, por outros e-mails, por outras rotinas. Mas não por outra paixão. Sabiam que, no fundo, aquelas poucas palavras sonhadoras que haviam trocado em meio a uma turbulenta tarde de trabalho entregavam à Vida maior sentido, aos Sentimentos maior verdade e à Alma maior nobreza, afinal.


Fabrício Teixeira

Sim, de novo.


Não era adepto de sol, mas aquele iluminava e era complacente com a chuva que caía e fecundava a terra já desgastada. Se sentia feliz por está ali, com quem estava e onde estava. Exatamente, naquele instante.