23 de ago. de 2009

Agosto com bolo de milho e vinho quente.

Estilhaços de uma fogueira de São João lhe inundaram os olhos e com eles cobertos por uma névoa esbranquicada passou a perambular, taciturno, a procura de algum motivo que explicasse a sua vida.

Acordava cedo e desejava dias mais longos para prolongar a sua busca e o seu desencontro. Adquiriu hábitos estranhos, como passar pelo corredor da sala tocando as paredes e sentir prazer com o pinga-pinga da torneira do banheiro. Conheceu o mundo inteiro, ouviu todos os CDs que possuia, plantou girassóis, disse "eu te amo" infinitas vezes e nada, absolutamente nada, o tirou desse mal-estar.

Já exausto de buscar refúgios em viagens, médicos e boas ações, estendeu o corpo sobre o vazio em que se encontrava e passou, então, a observar um balão que subia por entre os fogos de artifício e as moças que dançavam com seus vestidos quadriculados, para, finalmente, ouvir as portas do trem se abrirem e descer na estação Vila Olimpía para mais uma jornada de 8h de trabalho.

2 comentários:

  1. Viajei nas imagens sugeridas pelo texto. Incríveis combinações. Senti como se uma câmera invisível guiasse meu olhar.

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  2. Que texto lindo! Todo Caio Fernando abreu... os escritores (ou escrivinhadores), pós CFA (os de verdade e os de mentira como nós hehehe), vão na comunhão (na comum união) rsrsrs...

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