3 de dez. de 2011

Infinito



Foi quando olhou para dentro dos homens que compreendeu a noção do infinito e viu que, de fato, ele cortava a superfície dos horizontes.

12 de set. de 2011

Do que se chama amor


Admiro quem ama e deixar ir, com a convicção de que o melhor para o outro está longe das nossas escolhas. Num concebo uma amor diferente. Admiro, por exemplo, o amor da minha mãe e minha vó, que fazem que não choram quando eu parto, na esperança que o mundo não maltrate. Concebo um amor que dentro das tristezas e partidas nos torne capazes de abraçar corações e cantar à vida, sempre.

23 de jun. de 2011

Caymmi

O velho e o mar - Petrov

O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito.

É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar.

17 de jun. de 2011

Samba


“O importante é que a nossa emoção sobreviva.”
Gudin e Paulo César Pinheiro

18 de mai. de 2011

Fresta, furo, vão de muro.

Qualquer traço,
linha,
ponto de fuga
Um buraco de agulha ou de telha
Onde chova.

Qualquer - Arnaldo Antunes

15 de mai. de 2011

Nascer é um partir

Nascemos sem saber o que esperar do mundo, num grande desespero banhado a sangue e líquido amniótico. O susto do primeiro contato marca nosso corpo com graça, força e um gosto sutil, quase invisível, de pássaro quando voa. Crescemos e partimos por céus resplandecentes buscando orientação e razões que expliquem não estar nem dentro e nem fora da ignorância do nosso caminho em direção ao amor do outro. Vivemos na insuficiência. Temos sede de futuro. Somos tardes caindo. Nascemos todos os dias, num longo parto de esperança e solidão.


11 de mai. de 2011

Varanear


Varandas sempre me atraíram. É de onde a cidade se desenha, mostra nuances, cicatrizes, possibilidades, luzes e destinos. Exibe novas portas, antigas lembranças, fins de avenidas.
Nos devolve a lucidez, tão maltratada pelo dia-a-dia. Nos devolve a compreensão das irremediáveis manhãs. E de tanto acreditar, nos devolve a parte do nosso mundo que nos faz fortes e felizes.

11 de abr. de 2011

Da Manhã

Filme: Onde Vivem os Monstrons- Spike Jonze


Mais importante do que ir é ter pra onde voltar.

18 de fev. de 2011

Verão

Convalescente,
Do azul dos guarda-chuvas
Viu o colorido
Que caía do céu cinza-chumbo
Daqueles olhos
Encharcar nossas desnaturezas
Sem saciar a sede
Desta nuvem infinita.

22 de jan. de 2011

No Rules

Criança Morta por Portinari


As Leis da Física se responsabilizam em entender a natureza e seus fenômenos. Seja matéria ou energia, suas relações e conseqüências. Uma Lei Física precisa ter sua validade garantida. Pra isto usa-se o Método Científico, construção humana, com suas regras e seus motivos, que é capaz de refutar, integrar ou apoiar um determinada teoria, uma lei. Eis, então, que surge engolfado na fragilidade e na violência dos dias o grande escuro humano, posto que não há geometria que descreva tanta miséria e nem este espaço-tempo que hoje amanhece em azul-rosa claro.

8 de jan. de 2011

Dois dias

No primeiro dia discutiram sobre Einstein, física quântica e sobre a diferença entre chamar a alma de Alma ou de assumi-la apenas como pequenos impulsos elétricos que mantêm as pessoas vivas. Concluíram que o mundo era apenas uma grande explosão de matéria - assim como tinham concluído outras pessoas muito mais inteligentes que eles, também muitos anos antes. Perceberam então que não tinham chegado a conclusão nenhuma e que qualquer tipo de divagação acerca do sentido da vida ou seria inutilmente cansativa ou penderia para um lado místico-religioso em que não acreditavam completamente.

No segundo dia (um dia muito mais Romântico) começaram a divagar sobre como o mundo era um lugar incrível de se estar e como essa experiência que chamavam de Vida podia ser unitariamente valiosa. E como os seres humanos foram geniais ao aproveitarem um desses intervalos entre explosão e contração de matéria para inventar aquilo que chamariam de Humanidade. Sobre como as pessoas podiam se tornar experiências inacreditáveis de descoberta e relacionamentos, e de como a mente humana era capaz de se sustentar e se desenvolver a ponto de produzir o que chamariam mais tarde de Sentimento. Estavam apaixonados pela vida. E felizes por poderem fazer parte dela.

Olharam para o lado e viram a lista de e-mails não lidos e de afazeres não resolvidos de um dia corrido de trabalho. A conclusão à que chegaram, então, é que tudo ali era tão relativo e tão ridiculamente banal que poderia ser facilmente substituído - por outros afazeres, por outros e-mails, por outras rotinas. Mas não por outra paixão. Sabiam que, no fundo, aquelas poucas palavras sonhadoras que haviam trocado em meio a uma turbulenta tarde de trabalho entregavam à Vida maior sentido, aos Sentimentos maior verdade e à Alma maior nobreza, afinal.


Fabrício Teixeira

Sim, de novo.


Não era adepto de sol, mas aquele iluminava e era complacente com a chuva que caía e fecundava a terra já desgastada. Se sentia feliz por está ali, com quem estava e onde estava. Exatamente, naquele instante.