9 de mar. de 2014

Alemanha

Hoje vivi uma situação um tanto inusitada aqui em Frankfurt e que pode nos ensinar muito sobre respeito e como viver numa sociedade sadia. Vindo pra casa, tive que descer do metrô, pois quebrou, e tive que pegar um busão. Estas situações sempre geram um pouco de pânico (hahaha) nos alemães, ficam perdidinhos sem a famigerada ordem. Nós, brasileiros, tiramos de letra. No meio do tumulto, entretanto, um homem (ou mulher) me perguntou onde deveria pegar o tal bus. Expliquei e disse que estava indo pra lá também. Fomos juntos e quando começamos a conversar percebi que ele tinha peitos, dois, grandes e fartos, dois pares de brincos, em formato de pezinhos..hahaha, unhas pintadas de vermelho, tenis nike, pois ele tinha participado de uma maratona de 21 Km, usava também uma saia, vermelha, carregava uma mochila, provavelmente com as roupas da corrida dentro, era também engenheiro da Siemens, mas já tinha trabalhado na Mercedez- Benz, morado em x + y países, era também casado, com uma mulher que trabalha com refugiados israelenses, com dois filhos em casa, que, segundo ele, deveriam no momento estar vendo Tatort (uma série da TV alemã). E não era uma fantasia que ele usava, ele se veste assim. Foi a única pergunta que fiz: e você costuma sair assim? ele: sim, são minhas roupas. Parei a invasão por aí. Não perguntei mais nada nesta direção, pois não precisava. Na verdade, errei ao perguntar. Somos condicionados a categorizar e descrever pessoas como se fossem amostras num laboratório. Fiquei feliz por ele, pela sociedade em que ele vive, pois ninguém, absolutamente ninguém olhou pra ele com estranheza ou espanto. Seguimos mais uns 15 minutos conversando, especialmente sobre a pobreza que ele havia vivenciado na Asia, nunca antes vista por ele aqui na Alemanha. Falamos do Brasil, copa do mundo (claro), problemas na sociedade alemã, sim, eles também têm. Uma conversa como deveria ser com qualquer um que encontramos na rua, sem estigmas ou pré-conclusões. E ele então desceu, antes de mim, agradeceu pela conversa, disse tchau, e provavelmente agora esta jantando ou assistindo TV com os filhos e a esposa do lado. Mas antes ele disse que precisa de um banho.