8 de jan. de 2011

Dois dias

No primeiro dia discutiram sobre Einstein, física quântica e sobre a diferença entre chamar a alma de Alma ou de assumi-la apenas como pequenos impulsos elétricos que mantêm as pessoas vivas. Concluíram que o mundo era apenas uma grande explosão de matéria - assim como tinham concluído outras pessoas muito mais inteligentes que eles, também muitos anos antes. Perceberam então que não tinham chegado a conclusão nenhuma e que qualquer tipo de divagação acerca do sentido da vida ou seria inutilmente cansativa ou penderia para um lado místico-religioso em que não acreditavam completamente.

No segundo dia (um dia muito mais Romântico) começaram a divagar sobre como o mundo era um lugar incrível de se estar e como essa experiência que chamavam de Vida podia ser unitariamente valiosa. E como os seres humanos foram geniais ao aproveitarem um desses intervalos entre explosão e contração de matéria para inventar aquilo que chamariam de Humanidade. Sobre como as pessoas podiam se tornar experiências inacreditáveis de descoberta e relacionamentos, e de como a mente humana era capaz de se sustentar e se desenvolver a ponto de produzir o que chamariam mais tarde de Sentimento. Estavam apaixonados pela vida. E felizes por poderem fazer parte dela.

Olharam para o lado e viram a lista de e-mails não lidos e de afazeres não resolvidos de um dia corrido de trabalho. A conclusão à que chegaram, então, é que tudo ali era tão relativo e tão ridiculamente banal que poderia ser facilmente substituído - por outros afazeres, por outros e-mails, por outras rotinas. Mas não por outra paixão. Sabiam que, no fundo, aquelas poucas palavras sonhadoras que haviam trocado em meio a uma turbulenta tarde de trabalho entregavam à Vida maior sentido, aos Sentimentos maior verdade e à Alma maior nobreza, afinal.


Fabrício Teixeira

Um comentário:

  1. "A imaginação é mais importante que o conhecimento." (Albert Einstein)

    De generoso tornou-se grandioso!

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