6 de abr. de 2013

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A inspiração de escrever tem passado. Mas não de se emocionar. Ou seria a sequência dos eventos que tem atravancado o caminhar das palavras. Tenho mudado a minha voz, rara nos últimos dias, e também meus segredos. Segredos. Ah, os segredos. E a beleza de decifrá-los em mim e em você.  É incrível o quão obscuros somos diante de nós.  Esqueça: gordura, ossos, músculos, veias, cavas ou não. 65% Oxigênio. E 18 % Carbono. Somos tão mais misteriosos que estas estatísticas comunistas. Um poço, profundo, eterno. Marcado e talvez nunca regenerado. Se cavado até o âmago dos túmulos, somos vontades adiadas. Deleites antecipados. Uma flor sem limites, um manicômio de criaturas. E ainda afirmam dos 10% de Hidrogênio.  Se a revelação viesse com verdade, sem pudor, não alcançaríamos os nossos gemidos e nosso ignóbil silêncio. Dói, olhar para o mundo e ver essa viscosidade sem vida. Suas tristezas solidificadas, o que não mudam com a ordem geográfica.  Essa é a nossa grande unificação, nosso laço mais estreito e sem fim: a dor de existir do resto humano que usa cocaína com bicarbonato de sódio nas estações de metrô, brasileiras e europeias, é a mesma do businessman, aparentemente blindado, que dirige seu Porsche Panamera pela avenida que uma senhora observa, de sua janela, a frenética movimentação dos cadáveres.  Se vive em vão. No peito, nem sonho. A vida maltratada ou mal escolhida. E o mesmo soluço e nunca o encontro. Dói.

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