29 de out. de 2009

Ora iê iê ô...

Ana Teles

Tive uma infância como qualquer garoto. Subia em árvores, soltava pipa, criava peixe como se fosse gente. Gostava de andar com os pés descalços e correr na rua até a hora da minha mãe gritar e me pedir pra tomar banho. A vida lá, com pitangas e jabuticabas, não era melhor nem pior que a de hoje. É bem verdade que muita coisa mudou. A cidade, de poucos mil habitantes para uma com milhões de pessoas, sem contar o ambiente, objetivos e responsabilidades. Mas quando pude, não hesitei em me mudar, pois sou movido por transformações e por mais que doam, acredito que é esse o nosso destino. Alguns fatos nos entristecem, mas nunca duram muito tempo. Machucam e depois vão abrandando. Gosto de dizer que a vida tem movimento próprio e o que era dor e saudade se restringe a um amontoado de lembranças e objetos.
E aqui vou construindo mais uma parte da minha vida, com amigos, amores e minhas atividades diárias. Vou sabendo que não há nenhuma segurança no caminho, nenhum porto ou salvador existe, e que a vida da gente ora é consolo ora é agonia e medo. Sigo meus dias confiando que amanhã seja um dia melhor, onde com amor eu possa fazer minhas descobertas e mudar de rumo quando for preciso. A estrela mais linda, hein? Tá no Gantois. E o sol mais brilhante, hein? Tá no Gantois. A beleza do mundo, hein? Tá no Gantois. E a mão da doçura, hein? Tá no Gantois. O consolo da gente, hein? Tá no Gantois, cantaria Maria Bethânia.

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